sábado, 13 de setembro de 2008

Um jovem dos dias apostólicos.



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Escrito por MANOEL DE JESUS THÉ
09-Sep-2008

Em 1970, um famoso autor recebeu o prêmio Nobel de Literatura por seus livros escritos nas prisões da antiga União Soviética.

No dia 3 de agosto último, com 89 anos de idade, esse autor faleceu em Moscou. Seu livro premiado chamou-se Arquipélago Gulag, no qual conta os sofrimentos dos prisioneiros. O mais interessante de tudo é que a pena de oito anos de prisão deveu-se a uma carta que Alexander Soljenitsin escreveu ao ditador Stalin. Nessa carta, o missivista queixava-se dos sofrimentos infligidos aos soldados russos, por parte dos oficiais, na Segunda Guerra Mundial, contra os alemães.

Dentre seus livros, temos um com um título pouco comum: Um dia na vida de Ivan. À primeira vista, parece-nos que o livro é uma homenagem. Ele fala sobre os companheiros de prisão, mas as notas sobre o prisioneiro, companheiro de cela, chamado Aliosha, são de arrepiar. Vamos conhecer esse jovem.

Aliosha é o diminutivo de Alexander, nome muito comum entre os russos. Toda vez que o autor menciona o jovem Aliosha, ele informa: “Aliosha, o batista”. Aliosha copiava a mão trechos das Escrituras e distribuía para os colegas. Esse foi seu crime. Pegou muitos anos de prisão, pois logo após ser solto, ele voltava a distribuir porções da Palavra de Deus.

Façamos uma ressalva. Costumamos classificar nossos dias como dias difíceis para o jovem cristão. Bobagem! Jamais tivemos dias mais fáceis ou mais difíceis. O mundo, que “jaz no maligno”, foi sempre inimigo do Reino de Deus. Eis o parecer de Soljenitsin sobre Aliosha: “Eram cinco e meia da manhã. Aliosha acorda, move um tijolo, onde ele escondia as páginas copiadas do Novo Testamento. Durante meia hora, lia a meia voz e orava por todos nós. Lá fora, trinta graus abaixo de zero”.

Irmão, você já imaginou que há 30 anos houvesse alguém que fizesse isso? Vamos a outra citação.

Eram 6h30 da manhã. O capataz toma o chicote e obriga os prisioneiros a entrarem na fila para seguirem para o campo de trabalhos forçados. Aliosha é sempre o primeiro da fila. Nunca leva chicotadas. O clima aponta 25 graus abaixo de zero. Aliosha nunca reclama”, lembra Soljenitsin.

A última citação é mais comovente ainda: “São 7 horas da manhã. Marchamos por uma estrada. O sol brilha, derrete a neve nos campos. Estamos a vinte graus abaixo de zero. Seu rosto brilha tanto pelo sol que nos aquece, como pela felicidade que nasce no coração de Aliosha. Ele é o único feliz entre nós, o seu Cristo lhe basta”.

Jovem, naqueles anos, a cortina de ferro (linha fronteiriça entre os países europeus que tinham governo comunista, e que eram integrados no bloco liderado pela ex-União Soviética, e os da Europa ocidental) impedia o livre trânsito. Amigos e admiradores do escritor russo passaram o livro por baixo da “cortina”.

A Sorbonne, famosa Universidade de Paris, traduziu e publicou o livro. Aliosha tornou-se conhecido no mundo todo, pregou a estudantes através do livro, penetrou no mais difícil dos campos que é o filosófico, político e estudantil. Será que ele ainda está vivo? Isso não sabemos, mas uma coisa é certa, ele cumpriu as Escrituras, que nos dizem: “Depois de morto ainda fala”. Pois é, ainda vivemos os dias apostólicos, porque tais cristãos existem. Jovem, você não quer ser um deles?

MANOEL DE JESUS THÉ - Pastor da IB Ebenézer (SP) - ibesp@ibesp.org.brEste endereço de e-mail está protegido contra spam bots, pelo que o Javascript terá de estar activado para poder visualizar o endereço de email

EXTRAÍDO DE: www.ojornalbatista.com.br

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