sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Corpo de Cristo: Igreja atuante (2 de 3)


Esta é a segunda parte da mensagem, LEIA A PARTE 1
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Escrito por ZAQUEU MOREIRA DE OLIVEIRA
15-Jan-2009

Há três conceitos de igreja no Novo Testamento

O primeiro refere-se à igreja universal, composta “dos remidos de todos os tempos, (...) constituindo-se no corpo espiritual do Senhor, do qual ele mesmo é a cabeça. Sua unidade é de natureza espiritual” (Hb 12.22-24). O segundo é a igreja como “congregação local de pessoas regeneradas e batizadas após profissão de fé”. As igrejas locais são autônomas e agem de forma independente e democrática, “praticam a disciplina e se regem em todas as questões espirituais e doutrinárias exclusivamente pela Palavra de Deus, sob a orientação do Espírito Santo” (Mt 18.15-17). O terceiro conceito bíblico de igreja está omitido na Declaração Doutrinária da CBB. É a igreja universal atuante, que não é puramente mística ou espiritual, mas viva (Mt 16.18), a qual se tornou o povo de Deus mediante a falha de Israel, passando a sempre produzir frutos para o Senhor: “Portanto, vos digo que o reino de Deus vos será tirado e será entregue a um povo que lhe produza os respectivos frutos” (Mt 21.43).

A igreja atuante é a nova criação de Cristo. O apóstolo Paulo fala do “novo homem”, referindo-se a judeus e gentios que foram pelo sangue de Cristo reconciliados “em um só corpo com Deus, por intermédio da cruz” (Ef 2.15 e 16). Essa igreja se tornou missionária ao abolir o exclusivismo judaico e cumprir todas as profecias do Antigo Testamento com referência ao povo de Deus: “Vós, porém, sois raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus, a fim de proclamardes as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz; vós, sim, que antes não éreis povo, mas, agora, sois povo de Deus” (1Pe 2.9 e 10a). Este “sacerdócio” não se refere apenas a ministros que receberam imposição de mãos para um ministério especial. Mas inclui todos os cristãos que constituem a nação santa e têm a responsabilidade de também serem ministros de Deus para oferecer sacrifícios espirituais (1Pe 2.5), representados pelo testemunho de fé, adoração, vida santa e serviço cristão.

A igreja que atua no mundo nunca deixou de existir, mesmo com grandes perseguições ou com a falta de liberdade para se pregar o evangelho. Diferentemente da igreja universal acima referida, ela não é composta de “remidos de todos os tempos”, mas de pessoas salvas que atuam no presente. Assim ela se renova a cada momento e está sempre agindo na terra até o retorno de Jesus Cristo. Ela é também universal por se encontrar em todos os lugares do mundo onde os remidos penetraram. Não é uma instituição e não se constitui de grupos denominacionais. Nela há pessoas ainda não batizadas e outras que não estão filiadas a uma congregação organizada. Diferentemente da igreja local, que possui também membros que não tiveram a experiência do novo nascimento, a igreja atuante é constituída integralmente dos que aceitaram a Jesus como seu Salvador. Estes podem ser batistas, congregacionais, presbiterianos, episcopais, pentecostais, neopentecostais e outros. Essa igreja não se caracteriza por qualquer aspecto formal, mas pela sua fidelidade ao Senhor Jesus Cristo.

A igreja atuante pode agir de formas diferentes, inclusive através de instituições locais como aconteceu com as sete igrejas da Ásia e inúmeras outras no mundo inteiro. Ela recebeu do Senhor a responsabilidade e privilégio de atuar através de seus membros como testemunhas até aos confins da terra (At 1.8), trabalho esse que não foi confiado a anjos, mas a homens redimidos pelo sangue do Cordeiro (1Pe 1.19). Foi essa igreja não exclusivista que recebeu a chave dos céus (Mt 16.19) e que existirá até à consumação dos séculos (Mt 28.20). A sua atuação na terra continuará mesmo com os turbilhões e tsunamis que ameaçam destruir tudo. A vitória dessa igreja deve-se à presença do Espírito Santo na vida dos seus componentes, que lhes dá poder para agir com entusiasmo no cumprimento de sua missão local, regional e mundial (At 1.8). Hoje eu pertenço à igreja atuante, mas quando estiver na glória estarei em outro patamar e a tarefa de produzir os frutos para a salvação continuará sendo realizada pelos salvos vivos em nosso planeta.

Talvez pela ênfase que nós, batistas, temos dado apenas à igreja espiritual ou mística e à igreja local é que alguns estão anunciando que a ação de Deus parou no primeiro século. O Senhor prometeu aos seus discípulos grandes realizações até a sua volta, pelo que o Deus vivo continua a trabalhar ainda hoje através de uma igreja viva, atuante. É pena que os maus exemplos de “líderes” que desvirtuam a mensagem do evangelho e o significado da igreja têm levado muitos ao outro extremo, negando o poder de Deus concedido ao seu povo. Tenho lido e ouvido pessoas mencionarem as maravilhas que o Senhor realiza entre outros povos e nações, mas silenciam acerca do que Ele pode realizar por nosso intermédio agora e sempre. Os membros da igreja atuante são templos do Espírito Santo (1Co 3.16), pelo que não devem estar vazios do poder de Deus. Mas só produzirão frutos à medida que permitirem a ação divina no que realizam em nome do Senhor. É o Espírito que dá vida ao seu povo. “Como o vento ou a respiração, Sua presença é invisível, mas os resultados de sua atividade estão em tudo o que fazemos. (...) Cristo está presente e ativo em nossas vidas e na igreja através de seu Espírito”. Jesus disse: “Eis que estou convosco todos os dias até à consumação do século” (Mt 28.20). A igreja atuante é o corpo de Cristo, sendo este a cabeça que concedeu ao seu corpo, “a plenitude daquele que a tudo enche em todas as coisas” (Ef 1.23).

ZAQUEU MOREIRA DE OLIVEIRA(O autor é “vosso servo [doúlous], por amor de Jesus” – 2Co 4.5b)


Continuação: Parte 3


EXTRAÍDO DE: www.ojornalbatista.com.br

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