sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Corpo de Cristo: oração (1 de 3)



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Escrito por ZAQUEU M. OLIVEIRA
06-Jan-2009

“E perseveravam na doutrina dos apóstolos e na comunhão, no partir do pão e nas orações.” – Atos 2.42

Se houvesse espaço e tempo, analisaríamos cada um dos quatro itens do texto acima. Como isso não é possível no momento, iremos nos estender um pouco sobre “oração”, que tem o seu estreito relacionamento com os demais.

Será que se a Igreja de Corinto estivesse concentrada em oração teria chegado à lamentável situação de desarmonia e divisão a que chegou? Certamente que não. Os problemas se estenderam às áreas de doutrina, comunhão, moralidade, partir do pão, administração, ordem de culto, práticas eclesiásticas e espiritualidade. Os irmãos perderam a compreensão de corpo de Cristo; esqueceram que eram templo do Espírito Santo. O ensino do apóstolo Paulo foi: “Cooperem os membros, com igual cuidado, em favor uns dos outros. De maneira que, se um membro sofre, todos sofrem com ele; e, se um deles é honrado, com ele todos se regozijam” (1Co 12.25b, 26). Se não temos oportunidade de participar com os demais membros do corpo as nossas fraquezas e alegrias, seremos como estranhos na igreja local à qual somos filiados e perderemos a oportunidade de participar na tarefa da igreja atuante. Por que participar? Para que haja comunhão, ao saber que todos os demais membros se tornam parte de nossas tristezas e alegrias. Isso só acontece com oração.

Certa ocasião, quando enfrentávamos um momento difícil, solicitamos a oportunidade de nos dirigir a uma igreja por cerca de três minutos, para compartilhar e pedir que os irmãos orassem, buscando a solução do problema. A resposta foi que não havia possibilidade naquele dia, mas que nos seria concedida a palavra em outro momento. Sentimo-nos como peixes fora do aquário. Oito meses depois, quando o problema já havia sido solucionado, foi lembrada a promessa. Tarde demais! Há igrejas que agem como se fossem clubes sociais e não o corpo de Cristo.

Felizmente as experiências inversas têm sido maiores e mais freqüentes. Em janeiro de 2008, no final da assembléia convencional em São Luís, eu e minha esposa fomos vítimas de um terrível acidente que destruiu completamente o nosso carro. O Senhor mandou os seus anjos que nos protegeram, livrando-nos de sermos esmagados por uma carreta com algumas toneladas de ferro. Minutos depois chegaram várias pessoas que se deslocaram da assembléia para nos socorrer e nos orientar no que fosse necessário. No Hospital fomos de novo cercados pelos irmãos de diferentes lugares do Brasil. Como foi bom sentir, dentre outros líderes da denominação, a presença do pastor da Igreja da qual somos membros. Sentimo-nos integrados no corpo de Cristo.

No final de 2005, eu particularmente tive uma outra grande experiência quando estava no Rio de Janeiro pesquisando sobre Missões Nacionais. Adoeci de repente e fui levado a um Hospital, onde me submeti a duas cirurgias de emergência. Na segunda, talvez a mais difícil, quando os resultados eram imprevisíveis, durante o procedimento cirúrgico um grupo de obreiros de Missões Nacionais ficou orando no quarto do Hospital. Também o assunto foi noticiado na Internet através da CBB, levando os crentes em todo o país a orar em meu favor. Resultado: 15 dias depois eu tinha um compromisso para pregar no interior da Bahia. Expliquei à Igreja que era impossível cumprir o compromisso, pois os médicos não me liberaram para fazer aquela viagem. Procuramos alguém para me substituir. Deus não permitiu que os sete pastores consultados aceitassem. Resolvi ir de qualquer maneira para espanto dos médicos, dizendo que o Senhor que segurou as suas mãos naquelas cirurgias haveria de proteger o meu corpo. Deus abençoou o trabalho que em seu nome realizamos e retornei ao Rio fortalecido.

Dois meses depois, como parte da pesquisa, tínhamos planejado uma viagem missionária de carro para visitar os campos nos vales do São Francisco e do Tocantins. Mas os médicos não autorizaram a minha ida. De qualquer modo realizei a viagem com o pr. Geremias Bento e de lá seguimos para Teresina, onde se realizaria a assembléia da CBB. Ao chegar na capital piauiense ouvimos muitas pessoas, do extremo Norte até o extremo Sul do Brasil, que afirmaram que elas e as igrejas a que pertenciam haviam orado em meu favor. Nunca sentimos tão de perto o significado do corpo de Cristo como naquela ocasião. No caso, o corpo estava representado não por uma igreja local, mas pela igreja atuante, pois até pessoas de outras denominações haviam orado por mim. É esse o cuidado em favor uns dos outros de que fala a Palavra.

Algum tempo depois conversei com um médico sobre a cirurgia a que me submeti e ele respondeu: “Você teve muita sorte, pois em situação como essa os médicos dificilmente acertam”. Respondi: “Creio na providência de Deus. Havia um grupo de irmãos no Hospital e em todo o Brasil orando em meu favor. Isso não era garantia de que eu não morreria durante a operação, pois Deus é soberano e é Ele que controla a nossa vida. Mas no caso, aprouve a Deus atender as orações de seu povo”. Glória ao Senhor!

Mais uma experiência ocorreu em 2007, estendendo-se até o presente. Eu e minha esposa fomos convidados para escrever o livro dos 100 anos de Missões Mundiais. Não tínhamos o que pensar e respondemos imediatamente que não aceitávamos. Waldemiro Tymchak naquele seu jeito meigo nos fez uma pergunta simples, mas profunda: “Os irmãos já oraram?”. Em nosso pensamento não precisávamos orar, pois a lógica mostrava que não deveríamos aceitar. Finalmente resolvemos consultar ao Senhor, sabendo que a lógica divina pode ser diferente da nossa. Mas fizemos o que nunca tínhamos feito antes. Colocamos Deus à prova. Somente após a terceira prova nos rendemos e eu particularmente respondi que não queria ser um novo Jonas. Mas precisávamos das orações do povo de Deus. Fomos aos familiares de uma senhora que havia nos sustentado com suas orações em outras oportunidades. Eles sem saber dos motivos já estavam orando em nosso favor. Fomos ao tio Gideon de Oliveira em Campinas, que se levanta de madrugada todos os dias para orar. Ele já tinha o nosso nome na lista diária de oração. Depois encontramos pessoas de todo o Brasil e de vários outros países das Américas e da Europa que estavam orando por nós. Na verdade, nos sentíamos frágeis e até incompetentes para a tarefa, que era maior do que imaginávamos. A corrente de oração cresceu e nos momentos quando estávamos desanimados sempre vinha uma resposta forte e positiva de Deus. “O corpo de Cristo está acompanhando vocês”.

Certa ocasião, quando estávamos em viagem missionária na Espanha, recebemos de alguém no Rio um e-mail, cobrando-nos o impossível sobre o trabalho. Isso quase nos desmoronou. De imediato ligamos para um amigo que estava em Sevilha e combinamos que iríamos a Cades, que segundo alguns era a antiga Társis, para onde Jonas fugiu. Eh!!! Não agüentávamos mais! Terminamos por nos render! Resolvemos ir a Társis! Na sua misericórdia Deus não mandou um grande peixe para nos engolir. Estávamos naquele dia usando o pouco tempo de que dispúnhamos para entrevistar a família Rangel Pereira. As entrevistas se alongaram e não foi possível parar no momento em que tínhamos programado sair para Cades. Deus não permitiu que fugíssemos da tarefa. Que experiência profunda! Mais uma vez o povo de Deus sustentava as cordas em oração. Prosseguimos no trabalho e finalmente concluímos, devendo o livro ser lançado na assembléia da CBB em Brasília. Fomos abençoados em tudo o que fizemos e esperamos que também os leitores o sejam. Louvado seja o nosso Deus!

Que bom! Quão maravilhoso é pertencer ao corpo de Cristo. O trabalho de Missões Mundiais que o Senhor nos confiou foi concluído pela graça de Deus. A tarefa da sua feitura deixou de ser apenas minha, da minha querida esposa e dos vários colaboradores que nos acompanharam até o final, mas se tornou de todo o povo de Deus que orou. “Porque também o corpo não é um só membro, mas muitos. Se um deles é honrado, com ele todos se regozijam. Ora, vós sois corpo de Cristo; e, individualmente, membros desse corpo” (1Co 12.14, 26b, 27). Glória a Deus eternamente! Amém!!!

ZAQUEU MOREIRA DE OLIVEIRA

Pastor, colaborador de OJB


EXTRAÍDO DE: www.ojornalbatista.com.br

CONTINUAÇÃO: leia a parte 2 e parte 3

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