terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Mais uma lição dos pardais



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Escrito por ISALTINO GOMES COELHO FILHO
26-Jan-2009

Os pardais de “Deus cuida dos pardais (mas eu dou comida para eles)” ainda rendem. Meu sobrinho fala dos pardais do “tio Isaltino”. Uma ex-ovelha me enviou e-mail dizendo que eles gostam de água de coco.

Só me faltava esta: dar água de coco para pardal. Outro dia Meacir empurrava o portão da garagem e um dos pardais, empoleirado no alto da grade, “presenteou-a” com a emissão devidamente processada e expelida do resíduo da comida que lhes dou (quem lê, entenda). Ela me disse: “Seus afilhados precisam aprender a usar o banheiro”.

Este artigo poderia se intitular “Os pardais – o retorno”. Porque houve mais algumas lições que tirei do trato com eles. Um deles entrou pela porta da cozinha, que estava aberta, foi para a sala e não soube voltar. A porta da sala para a rua é de vidro blindex, que permite ver de dentro para fora, mas não o oposto. Sem saber o que é um vidro (que estava limpo), o pardal tentou sair e não conseguiu. Batia na porta e voltava. Para piorar, ele via os outros pardais (uns 20) comendo, pertinho dele, e não conseguia chegar a eles. Agitava-se, aflito. Ouvindo o barulho fomos acudi-lo.

O pardal se desesperou, ao chegarmos. Meacir tentou pegá-lo, sem sucesso. Ele se escondeu atrás do sofá. Mas a porta é corrediça e se retrai exatamente para trás do sofá. Receamos machucá-lo. Após algumas tentativas, ele saiu, voou para o outro lado da rua, esperou um pouco, e voltou para comer.

Drama pardalesco narrado, as lições:

1. O lugar dos pardais é do lado de fora da casa. Na calçada, na frente, na garagem. Não dentro de casa. O pardal encrencado saiu do seu limite, indo aonde não devia. Do mesmo modo, quando não guardamos nosso espaço e vamos aonde não devemos, entramos em problemas. “Há caminhos que parecem certos, mas podem acabar levando para a morte” (Pv 14.12). O primeiro casal ultrapassou os limites e caiu. Satanás fez o mesmo e caiu. Há limites na vida que devemos guardar. As transgressões são cobradas.

2. Quem ultrapassa seu limite corre o risco de não encontrar o caminho de volta. Termina em lugar desconhecido, aprisionado. Vê os outros livres, mas não consegue ser como eles. Seus esforços acabam sendo inúteis. Muito cuidado com as caminhadas. O pródigo seguiu um caminho errado, mas pôde voltar. Judas seguiu um caminho sem retorno.

3. Quem está desorientado nem sempre consegue entender quem pode lhe ajudar, e foge dele. Meacir podia ajudar o pardal, mas ele fugiu dela. O pecador perdido foge de Cristo. O crente em pecado some da igreja, interrompe a sua comunhão com Deus. Quem poderia ajudá-lo tem dificuldade em fazê-lo. Pedro também entrou por um caminho errado, mas Jesus o recuperou. O pardal desviado me fez compreender um pouco mais o que é graça. Nossa intenção não era castigá-lo, mas ajudá-lo. A graça não castiga o transgressor. Ela é Deus vindo ao nosso encontro para nos socorrer. É a mão divina que ajuda.

4. Última lição: a graça não bane o pecador. Não identificamos o pardal que não guardou seu limite. Continuamos dando água, farelo de pão, alpiste e painço a todos. Mas Deus sabe qual de nós passou dos limites que ele estabeleceu. E mesmo assim continua a amar e a cuidar de nós.

Muito espaço para os pardais, ao invés de coisas mais sérias? Aprendi com o Salvador. Suas grandes e profundas verdades não foram expressas em conceitos complicados, com termos pomposos. Ele falava de pardais, lírios, semeador, aves do céu, nuvens, fermento, o cotidiano, enfim. Sempre lhe peço que me ensine todos os dias. Ele usou os pardais. Sou lhe grato por isto.

ISALTINO GOMES COELHO FILHO

Pastor, colaborador de OJB

isaltinogomes@hotmail.com


EXTRAÍDO DE: www.ojornalbatista.com.br

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