terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Motivação denominacional



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Escrito por HUDSON GALDINO DA SILVA
26-Jan-2009

Quais são as motivações existentes que devem nos levar a um envolvimento com a obra denominacional? Às vezes, ouvimos dizer que os tempos mudaram. Não se vê mais empolgação e gana pela denominação.

É claro que de início é preciso diferenciar vida denominacional com instituições denominacionais, não é verdade? Uma coisa independe da outra, ainda que em vários momentos elas se entrelacem. Alguns chegam a dizer que a denominação está falida. Não no sentido de falência financeira, mas no sentido de uma desintegração dos nossos valores e princípios. Na verdade, tem havido é uma decepção com as nossas instituições, modelos administrativos, etc. e jamais com a denominação em si. Então, quais seriam as nossas motivações para a obra denominacional?

CREIO NA MOTIVAÇÃO HISTÓRICA

Negar a história é renegar a própria vida, apagar o passado. É negar a intervenção divina na história. É negar o próprio presente, porque este presente vai se tornando em história a cada dia. A história na verdade é uma testemunha de força, de valores, de conduta, de exemplos (maus ou bons). Crer na história é lembrar que o edifício construído possui alicerces, fundamentos que foram postos. Sinto-me motivado para a denominação pelo fator histórico. Alguns hoje estão sofrendo de amnésia de nossa história. Querem criar um abismo entre o início da obra e o presente. O nosso Deus ensina a importância de reconstruir, enfatizar, memorizar e celebrar os seus feitos na história, no grande exemplo da Páscoa. A história da redenção de Israel deveria ser contada a todas as gerações. O marco das pedras no Jordão deveria ser para perpetuar a ação de Deus na vida do seu povo. E nós, o que temos feito com nossa história? Uma boa prática, creio, seria sempre em nossas reuniões, encontros, cultos e assembleias, aplicarmos alguns minutos para lembrarmos a ação de Deus em nós ao longo dos anos. Ouvi alguém dizer, certa vez, não me lembro quem e quando, mas dizia que deveríamos sempre, de quando em quando, ler a história de nossa família, história de nossa igreja, história de nossa denominação, história do cristianismo. Isto nos ajuda a criar um senso crítico, mas não de injustiça. Ajuda-nos a entender como as coisas iniciaram e como proceder no presente.

CREIO NA MOTIVAÇÃO TEOLÓGICA

A teologia é a base de nossa fé, de nossa crença. Estar identificado com a questão doutrinária e teológica é vivenciar de forma coerente entre forma de crer e essência do se crer (não confundir doutrina com costumes e práticas). Vivemos tempos em que muitos têm relegado a doutrina em nome da proeminência do amor. Abrem mão das convicções em prol do amor. Como se quem crê muito amasse pouco. Amar, no meu conceito, é muito mais do que romantismo, é compromisso através do elo teológico. Sinto-me motivado pelo fato de poder estar identificado com os ensinos de Jesus, muito bem entendido e proclamado por nós. Doutrina e ensino não se separam, como pensam alguns. Precisamos assumir um compromisso sério com as nossas doutrinas, que representam os ensinos de Jesus. Paulo disse que nos últimos dias viriam tempos trabalhosos, e que viriam tempos quando muitos não suportariam a sã doutrina. Paulo recomenda quanto aos falsos profetas e diz: “Acautelai-vos, porém, dos falsos profetas, que vêm até vós vestidos como ovelhas, mas, interiormente, são lobos devoradores”. Amados: os tempos trabalhosos chegaram. Entre nós já estão os falsos profetas, vestidos de ovelhas. Isto é constatado pelo que temos visto e ouvido. Precisamos estar advertidos contra os que ensinam doutrinas baseadas em fábulas ou questões que não se fundamentam na fé. Ser fiel não é simplesmente crer. Satanás crê e estremece, mas não obedece. Ser fiel é fazer da fé a defesa da sã doutrina. Ser fiel é viver e defender a sã doutrina. A Igreja de Cristo não se caracteriza pela beleza de sua liturgia, ou pela intensidade de suas emoções, nem pelo modelo eclesiástico que venha a adotar, mas por sua inconfundível firmeza doutrinária, na defesa da fé. O desprezo à doutrina tem resultado em erros e blasfêmias contra Deus. Sinto-me motivado pelo fator teológico que nos identifica.

CREIO NA MOTIVAÇÃO PSICOLÓGICA

A maioria de nós prefere escapar das realidades dolorosas da vida. Esta tendência de fugir da dor, seja física ou mental, é até normal. Ninguém gosta de coisas desagradáveis, não é verdade? Escapar é, pois, a tentação comum de todos nós, um desejo de bater em retirada, de escapar das nossas responsabilidades e assim afastar-nos das frustrações, que qualquer envolvimento pode causar. Muitos, na verdade, encontraram a infelicidade porque decidiram e disseram: não posso suportar. A motivação psicológica é, portanto, uma atitude mental, amadurecida, de em vez de nos refugiarmos nas frustrações, decepções e enganos, avançarmos de forma positiva para maiores conquistas. A motivação psicológica nos ajuda a encarar a realidade como ela realmente é, sem fantasias, sem o colorido que muitas vezes quer se dar. A pessoa normal aceita (não no sentido de se acomodar, mas no sentido de ver a realidade) todos os desconfortos denominacionais, para que encontre forças e reaja de forma encorajada. É preciso fazer de nossa vida denominacional uma forma brilhante de pensarmos. Encarar a realidade não é guardar rancor e ódio pelas pessoas e pelas decisões que tomamos. A felicidade denominacional, na verdade, depende muito mais da maneira de pensarmos. É preciso que haja uma maneira de pensar que torne a vida agradável, as reuniões agradáveis, as decisões agradáveis, as Assembléias agradáveis, em vez de penosa. Se desenvolvermos fortes laços com a nossa história e nossa crença, com certeza nossa bem-aventurança denominacional estará assegurada. A motivação psicológica passa pela construção de uma imunidade íntima contra os efeitos de todas as coisas e de todos que querem destruir o edifício construído. Alguns de forma arrogante no falar. Outros com métodos, talvez legais, mas não éticos. Outros agindo de forma inconveniente, buscando preeminência.

Nada pode ser feito bem, prazerosamente, se não houver motivação. Não ter motivação é como estar morto para as tarefas, para a fala, para os empreendimentos, para o viver. A vida denominacional requer motivação também, é óbvio. A motivação refrigera a alma, traz saúde física e emocional. Revigora todo potencial de fé e otimismo. A motivação traz leveza e saúde para os relacionamentos. A motivação ajuda a discordar, sem contrariar. A discordar sem ofender. A discordar, sem melindrar. A discordar sem maltratar. A discordar com intuito de crescer e ver a obra crescendo.

Sente-se desanimado? Desmotivado? Em fuga? Entre outras motivações, pense, reflita e deixe que a motivação histórica, teológica e psicológica o ajude a caminhar como participante da denominação.

HUDSON GALDINO DA SILVA

Psicanalista, pastor da 2ª IB em Cabo Frio (RJ)

pastorhudson@uol.com.br


ESTRAÍDO DE: www.ojornalbatista.com.br

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