quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

SWOT missionário de Jesus (3 de 3)

Esta é a parte 3 do artigo,
Leia a Parte1 ou Parte 2

PDF Imprimir E-mail
Escrito por Valmir Vieira
24-Jan-2009

Forças, fraquezas, ameaças e oportunidades à obra missionário-evangelística em Lucas 10.1-12

AMEAÇAS

1- Falta de oração. “Rogai, pois ao Senhor da Seara...” (v. 2). Essa é a principal ameaça à obra missionária: os cristãos deixarem de orar por ela e de pedir que Deus envie trabalhadores para ela. Na parceria Jesus/Igreja ficou estabelecido que Deus só agiria em resposta de oração. Com isso, se quisermos imobilizar Deus ou desmobilizar a obra missionária é só pararmos de orar. Ele não vai vocacionar nem enviar mais ninguém. Se fizermos a nossa parte, orando, Deus vai poder fazer a parte dEle, que é levantar vocações e despertar a igreja para contribuir. O Espírito Santo não vai encher o coração da igreja de compaixão pelas vidas sem salvação. Daí a insistência de Jesus para que roguemos a Deus por obreiros. Ao orarmos é possível que descubramos ou nossa chamada pessoal ou o nosso coração se despertará para o valor de Missões. Que responsabilidade! É incrível saber que a maior ameaça à obra missionária não é a falta de recursos, nem tanto a falta de obreiros, mas a falta de oração. Havendo oração fervorosa tudo será providenciado para que Missões aconteça e floresça.


2- Intimidação e hostilidade. “Ide, eis que eu vos mando como cordeiros no meio de lobos” (v. 3). Nenhum dos seus discípulos devia desconhecer que teria que enfrentar oposição. Não poderiam ir como inocentes e despreparadas ovelhas, porque encarariam lobos devoradores. Nunca, em todo tempo, a obra missionária (como todo o Reino de Deus) deixou de sofrer oposição do inimigo – do grande lobo e dos seus lobinhos. Jesus sabe que muitos cristãos agem com ingenuidade e, às vezes, amadoristicamente, num contexto de alta competitividade e pressão. Jesus lamentou ao dizer que os filhos das trevas são mais prudentes (astutos) que os filhos da luz. Não precisamos nem devemos usar os métodos e a ética de lobo para fazermos a obra de Deus, mas podemos e devemos ser ovelhas sábias, prudentes e criativas quando formos lidar com os lobos deste mundo. Além disso, a nossa confiança sempre deve estar no Pastor, que não nos permitirá “temer mal algum” (Sl 23.2). A obra de missões enfrenta hostilidade e tentativas de intimidação, mas, como a história tem mostrado, ela tem sido vencedora.


3- Demandas sociais. “E a ninguém saudeis pelo caminho” (v. 4). Parece estranha essa recomendação. Agir dessa maneira é quase uma indelicadeza, um descaso a etiqueta social. Mas Jesus sabia o que estava falando. Ele conhecia bem a sua cultura. As saudações judaicas ou orientais eram longas, demoradas e podiam tentar a pessoa a se desviar do seu propósito. Ainda que o missionário deva conhecer e estar inserido (encarnado) na cultura alvo, não quer dizer que ele tenha que adotar todas as suas práticas, principalmente se elas o desviarem de seus projetos. Devemos sempre ter cuidado com o “politicamente correto”. É um princípio intimidador. Os missionários e ministros de Deus sofrem pressão pelo conforto, pela comodidade, pela demanda de status social, de formação acadêmica e dos amigos. Dos amigos, tentando que ele se envolva em atividades sociais, políticas, recreativas e esportivas que podem tirar-lhe tempo, energia e recursos que deveriam ser aplicados na obra principal para a qual fora chamado. Não que essas coisas não sejam importantes, mas elas devem ser tidas como secundárias. Os chamados de Deus não podem perder o foco nem se desviar do alvo.


4. Preconceito. “Em qualquer cidade em que entrardes comei do que vos puserem diante” (v. 8). Os enviados por Jesus teriam que vencer suas barreiras culturais e estarem dispostos a se alimentarem do que lhes fosse oferecido. Não deveriam fazer acepção alimentar ou exigir cardápio especial. Deveriam ficar livres de preconceitos, podiam ficar livres das restrições alimentares da rigorosa lei judaica. Mas a questão é muito maior do que alimento. É o problema do etnocentrismo, que é ver a nossa cultura e os nossos costumes como os únicos aceitáveis e corretos e tentar impô-los aos outros. Um missionário não pode ser preconceituoso, racista e arrogante no trato com as coisas de outra cultura e outras sociedades. Esse comportamento fecha as portas. Para compreender uma cultura o missionário deve mergulhar nela, “vestir sua camisa” e assumi-la. Mas com cuidado, pois, em toda cultura, inclusive na nossa, há elementos malignos e danosos. O sábio missionário saberá, com a ajuda do Espírito Santo, distinguir tudo o que é bom e o que é ruim, o de origem maligna ou benigna, e, com prudência e respeito, evitar.


5- Falta de contentamento. “Ficai na mesma casa, comendo e bebendo do que eles tiverem...” (v. 7) “Não andeis de casa em casa” (v. 8). Jesus sabia que os filhos da paz hospedariam os seus ministros. A casa que os acolheria poderia ser simples ou não, ter fartura de comida ou não, ter boa cama ou não. A recomendação é para que tivessem uma única casa como base para hospedar-se. Desejar ficar mudando é falta de contentamento e um sinal de indelicadeza para a casa que, mesmo humilde, o acolhe com o seu melhor. Ir para o campo missionário ou exercer um ministério pastoral com um sentimento de descontentamento, olhando o ministério “glorioso” de outros não traz proveito para a obra. No entanto, é da responsabilidade da igreja verificar as necessidades dos obreiros e buscar supri-las ao máximo, dentro de suas possibilidades. Cabe ao obreiro, à semelhança de Paulo, desenvolver em seu coração o espírito de contentamento (Fp 4.13).


6- Rejeição. “Mas em qualquer cidade em que entrardes e não vos receberdes...”. (v. 10) Jesus sabia que alguns não os receberiam e repudiariam a mensagem deles. Alguns os desprezariam e até escarneceriam deles. A recomendação é: não se importem com isto. Não deixem que isto afete a sua auto-estima. Eles sofrerão as conseqüências da rejeição da palavra de salvação. Infelizmente, é a maioria do caminho largo e da porta espaçosa que rejeita. Mas sempre haverá os que entrarão pela porta estreita, ainda que em número menor. É assim mesmo. Das sementes lançadas em quatro solos diferentes, apenas em um solo frutificou (1/4). Alguns, além de rejeitar, ainda se tornam inimigos. A maioria rejeita pela indiferença. Outros desejam aceitar, mas não estão dispostos a assumir o “jugo”, mesmo que ele seja leve e suave, se comparado ao de Satanás e o do mundo. A mensagem do Reino exige mudanças em suas vidas, que nem sempre estão dispostos a fazer. Até entre os ditos alcançados muito de seu compromisso cristão é questionável.

CONCLUSÃO

Não é sem razão que livros têm sido escritos ressaltando a inteligência administrativa e de liderança de Jesus, como Jesus coach, de Laurie Beth Jones (MC), Jesus, o maior executivo que já existiu, de Charles C. Manz (Elsevier), Jesus, o maior líder que já existiu, também de Laurie Beth.Jones (Sextante), Os métodos de administração de Jesus, de Bob Briner (MC) entre outros. Jesus sabe muito bem descrever o ambiente de seu trabalho e têm uma visão estratégica extraordinária. Ele ainda conhece muito bem o coração dos homens.

A obra evangelístico-missionária, como vimos, sofre ameaças e, por ser exercida por seres humanos, tem seus pontos de fraqueza. Mas Jesus deixa claro que as fraquezas e as ameaças não sobrepujarão as forças e as oportunidades que Deus nos vai dar para fazermos o trabalho da melhor maneira possível. Ele nos ajudará no despertamento, no preparo, no levantamento dos recursos, na logística e na comunicação de Sua mensagem preciosa. Semearemos e Ele dará o crescimento. Oraremos e Ele moverá os corações. Obedeceremos e Ele nos dará a vitória.

WALMIR VIEIRA

CLIC (Centro de Liderança Cristã Criativa), pastor interino da IB Cidade Jardim, Belo Horizonte (MG)

clicwv@hotmail.com


EXTRAÍDO DE: www.ojornalbatsita.com.br

0 comentários: