terça-feira, 6 de janeiro de 2009

A tragédia do Sul e nossa responsabilidade teológica



PDF Imprimir E-mail
Escrito por HENRIQUE ROMERO
06-Jan-2009
Todos os anos é a mesma coisa. Como um filme de terror que se repete, somos acometidos pelas mesmas mazelas. Enchentes, desmoronamentos, deslizamento de encostas, epidemia de dengue e seca no Nordeste. O que muda é apenas o local, por vezes os deslizamentos ocorrem em Minas Gerais, Santa Catarina, São Paulo... A mortes causadas pelo mosquito da dengue ocorrem, por vezes, no Rio de Janeiro e outras no Espírito Santo. Muda o local, mas o resultado é um só, numerosos brasileiros vítimas das águas, das secas e dos mosquitos. Mas, vítimas, em última análise, de si mesmos.

Não falarei de questões topográficas ou de saúde pública, pois não tenho > conhecimento de nenhuma das duas, mas, sim, sobre a nossa responsabilidade em todas estas catástrofes. Sobre aspectos que eu e, provavelmente, você que está lendo este artigo tem conhecimento. Quero falar sobre nossa responsabilidade teológica diante de tudo isso.

Uma das mais belas narrativas da Bíblia, em Gênesis 1.28, diz: “E Deus os abençoou e disse: Frutificai-vos, multiplicai-vos, e enchei a terra, sujeitai-a e dominai-a...” Sempre que leio este texto tenho a impressão que Deus dá ao homem a bênção de ser um participante contínuo no processo de criação. Tal texto é muito conhecido, sempre o usamos em série de mensagem sobre mordomia, e com isso falamos sobre mordomia do dízimo, do tempo e outros assuntos. Dificilmente, lemos este texto e, a partir dele, nos colocamos como responsáveis, ecologicamente. Em nossos púlpitos, dificilmente pregamos sobre nossa responsabilidade ecológica, como filhos de Deus e mordomos do Senhor, com a mesma veemência que falamos sobre temas como pureza, maledicência... Parece que a preocupação ecológica deve ocupar a pauta do Greenpeace, não a de nossos programas de pregação, com isso, literalmente, deixamos as “pedras clamarem” (Lc 19.40).

Hoje, bradamos em alto e bom som o nosso crescimento numérico. Glória a Deus! Mas isto deve trazer consigo algumas perguntas. Como igreja organizada, institucional, e porque não dizer denominacional, o que temos feito pelo nosso planeta, nossa casa comum. Nós que somos atalaias, que conhecemos a verdade e amamos o criador, estamos vendo e participando da destruição de sua obra? Talvez respondamos que não, mas se não temos pecado por ação, no mínimo, temos pecado por omissão.

O último Painel Intergovernamental das Mudanças Climáticas nos mostrou que entramos na fase do aquecimento global com mudanças irreversíveis. Mudanças climáticas que podem variar de 1,4 até 6 graus Celsius, dependendo das regiões terrestres. Tais mudanças climáticas possuem origem andrópica, quer dizer, tem no ser humano, imagem e semelhança de Deus, parte da obra de criação, seu principal causador. Portanto, reflitamos em nossa responsabilidade de cuidarmos de forma mais efetiva do nosso planeta. Como igreja, façamos algo para que enchentes, desabamentos e mortes pela fúria da natureza não venham vitimar mais vidas. É louvável levantarmos donativos e enviarmos para locais atingidos e devemos, sim, fazer isso, mas creio que mais louvável ainda será ajudarmos e fazermos nossa parte para que cenas como estas não se repitam. Depende de nós, assumamos nossa responsabilidade pela preservação da criação.

HENRIQUE ROMERO

Pastor da Juventude da PIB de Cachoeiro de Itapemirim (ES)

henriquejrf@gmail.com


EXTRAÍDO DE: www.ojornalbatista.com.br

0 comentários: