quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

BILLY, THE CAT



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Escrito por CARLOS CESAR PEFF NOVAES
12-Feb-2009

Foi em Antônio João, município a 300km de Campo Grande, em Mato Grosso do Sul. O coordenador local do programa Bolsa Família, Eurico Siqueira da Rosa, cadastrou seu gato, Billy, para receber vinte reais mensais como complementação de renda. Acredita?

Descobriram a fraude com a visita de um agente de saúde à casa do suposto beneficiário. Ao chegar para saber por que o menino Billy Flores da Rosa não fizera a medição e a pesagem exigidas para os cadastrados, o agente surpreendeu-se com a informação, dada pela própria esposa do fraudador, de que o único Billy na casa era o gato de estimação.

Billy, o gato, pertencia a Eurico, o rato. E no cadastro do Bolsa Família recebeu sobrenome, data de nascimento, peso e tamanho para subtrair vintezinho por mês dos cofres públicos.
A criatividade dos larápios é de causar inveja a qualquer autor de novelas. Quando se trata de apropriação indevida, são poucos os que se igualam a políticos e funcionários públicos determinados a enriquecer sob a camuflagem dos cargos e mandatos que possuem.
A estrutura das redes de corrupção é montada e sustentada graças aos vínculos de cumplicidade entre chefes, subordinados, fiscais, policiais, juízes e todos quantos tenham vorazes interesses a serem saciados.
Como costuma dizer um amigo meu, nos esquemas públicos de corrupção só abre a boca para denunciar quem não está lucrando junto. O sistema de corrupção no Brasil é a própria Hidra de Lerna: quando se corta uma cabeça, nascem outras duas no lugar.
Fico imaginando quantos outros Billys encontraríamos, por exemplo, nos cadastros do INSS, só para nos restringirmos ao campo das aposentadorias forjadas.
Minha tese sobre a natureza da corrupção é simples: mantemos o espírito do conquistador. Porque não fomos colonizados, e sim conquistados, aprendemos a fazer como os primeiros habitantes deste país, surrupiando o que é de interesse coletivo para proveito meramente pessoal.
O cidadão de espírito conquistador tanto joga casca de banana no meio da calçada, pois não vê necessidade de cuidar do que está do lado de fora da sua porta, quanto desvia verbas que seriam utilizadas na compra de remédios para hospitais da rede pública.
Ao cidadão conquistador pouco importa se os vinte reais extraídos do Bolsa Família em nome do gato Billy poderia ajudar aos que vivem à beira da miséria. Não é assim que ele raciocina. O outro nunca faz parte das suas preocupações porque não tem rosto, não tem nome. O outro, sem rosto e sem nome, não existe.
Assim pensa Eurico. E assim pensam todos os ratos por trás dos gatos.
CARLOS CESAR PEFF NOVAES
Pastor da IB de Barão da Taquara, Rio de Janeiro (RJ)
http://carlosnovaes.blogspot.com

EXTRAÍDO DE: www.ojornalbatista.com.br

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