quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

O primeiro poeta evangélico do Brasil



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Escrito por EBENÉZER SOARES FERREIRA
12-Feb-2009

Como gosto de pesquisar, de me aprofundar no estudo de certos temas, descobri que o primeiro poeta evangélico de nossa pátria não foi aquele que julgávamos sê-lo.

O primeiro poeta evangélico brasileiro foi Antônio José dos Santos Neves, que nasceu em 1827, no Rio de Janeiro, e faleceu na mesma cidade no dia 25 de março de 1874.

Ele foi taquígrafo do Senado Federal, posição que, naquela época, era de grande prestígio. Foi figura pinacular, já como homem de letras, já como líder de sua denominação – a presbiteriana.

Ele contribuiu bastante para a hinódia evangélica, legando-nos hinos importantes. Em nosso Cantor Cristão, aparecem seis hinos de sua autoria. São os seguintes: 6, 96, 141, 153, 265 e 338.

O hino de número 6 é intitulado “Glória ao Senhor”. Aqui transcrevemos a primeira estrofe: A nosso Pai do céu, tributa lábio meu / Glória e louvor. A quem seu filho deu, / O qual por nós morreu. / A quem me prosto eu; glória ao Senhor!

Transcrevemos também a primeira estrofe do hino 96, intitulado “Deslumbrante”: Se nos cega o sol ardente, quando visto em seu fulgor, / Quem contemplará Aquele que do sol é Criador? / Patriarcas nem profetas o chegaram a avistar, / Nem Adão chegou a vê-lo, antes mesmo de pecar.

Antônio José dos Santos Neves foi um dos fundadores do jornal Imprensa Evangélica, em 1865. Sua esposa, que era professora, foi diretora da Escola Paroquial da Igreja Presbiteriana. Era também organista.

Santos Neves era um grande patriota. Em 1867, quando o Brasil guerreava contra o Paraguai, ele, para mostrar seu sentimento de patriotismo, publicou a obra Louros e Espinhos, editada pela Livraria Popular de Azevedo Leite, localizada no Rio de Janeiro. É um poema épico dedicado aos heróis da Guerra do Paraguai.

Davi Gueiros Vieira comenta sobre a obra: “Endereçado ao Imperador, conclamava-o a vencer seus inimigos não apenas os paraguaios, mas também os males brasileiros que faziam periclitar o trono pelo seu comportamento duvidoso”.

Santos Neves, como era mais conhecido o mencionado poeta, conhecia muito intimamente os parlamentares da época. Foi também funcionário da diretoria geral de obras públicas. Ao morrer, em 1872, era adido à Secretaria de Estado de Negócios da Guerra, assim nos informa Augusto Alves do Sacramento Blake, no primeiro volume de seu Diccionario Bibliographico Brazileiro (Typographia Nacional, 1883).

Agora, transcrevemos três estrofes do verso XVI, do primeiro poema do seu livro Louros e Espinhos. É intitulado simplesmente D. Pedro Segundo:

... Que culpa tens, oh rei, que o povo escolha,

Para legislar-lhe, quem melhor o dorso,

Sorrindo, lhe ate mais pesada carga?


... Que culpa tens, oh rei, que algumas vezes

O punhal assassino, violentando

Da liberdade a uma sacrossanta,

Abra passagem livre ao parlamento

À mão tinta de sangue fratricida,

Que vai seus crimes cancelas, firmando.

Intencional, sacrilégio perjúrio?

Que culpa tens, que súditos tão livres

Tutelados, se façam curvilíneos,

E íntimo foro até das consciências

Deleguem, nas recônditas aldeias,

Aos algozes da lei, que os escravizam?

Que culpa tens, oh rei, que os teus vassalos

A iniciativa própria desconheçam

E, a simples tributários reduzidos,

Os responsáveis vejam o futuro,

Impunes, lhes rasgar nas próprias faces

A magna lei jurada, que outorgou-lhes

Soberanos, grandíloquos direitos?

Mal haja a mão profana que não treme

Antes de erguer-te a irresponsável c’roa?


Santos Neves escreveu muitos hinos, sendo que 13 deles foram publicados pelo missionário Blackford, em Cânticos Sagrados, 13 foram publicados em Salmos e Hinos.

O historiador Vicente Themudo Lessa o denominou de “O cisne presbiteriano” (Anais da Igreja Presbiteriana, p. 118).

EBENÉZER SOARES FERREIRA

Secretário executivo da ABIBET, diretor geral do STB de Niterói (RJ)

ebnezersf@uol.com.br


EXTRAÍDO DE: www.ojornalbatista.com.br

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