quarta-feira, 25 de março de 2009

O OLHAR DE JESUS



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Escrito por OSWALDO LUIZ GOMES JACOB
03-Mar-2009

O olhar de Jesus é incomparável. Olhar penetrante, além do comum. Extraordinário. Este olhar percebe as intenções que estão lá na divisão entre alma e espírito. O Seu olhar fixo em nós discerne as intenções do coração tão perverso e enganoso (Jr 17.9,10). Se o homem enxerga as ações, o Senhor Jesus vislumbra as intenções nos porões do subconsciente.

O Seu olhar denuncia a nossa insuficiência e revela claramente a suficiência dEle. Bendito é o cristão que tem sobre si o olhar fixo do Mestre tão amável! Geralmente temos sido tão superficiais em nosso olhar. Muitas vezes olhamos no incerto. Visualizamos o vazio. Temos muita dificuldade de olhar nos olhos da pessoa. Visualizamos coisas, mas não as pessoas. Praticamos um olhar distante e alienado aos nossos interesses pessoais. Colocamos nossos olhos acima dos outros. Olhamos as pessoas a partir do nosso pedestal arrogante e legalista.

Simão Pedro teve uma profunda experiência com o olhar de Jesus. Foi na noite em que ele negou o Salvador. Jesus havia dito para ele que antes que o galo cantasse, ele O negaria três vezes. E foi o que aconteceu. A Palavra de Jesus sempre se cumpre em nossa história tão eivada de incoerências. Somos como Simão Pedro, pois temos negado o Senhor Jesus com as nossas atitudes e com os nossos atos. Ele mesmo disse: “Este povo honra-me com os lábios, mas o seu coração está distante de mim” (Mt 15.8). Há uma distância enorme entre o que falamos acerca de Cristo e o que vivemos. A análise de Jesus é sempre perfeita. Ele nunca erra. Ele conhece a natureza humana. Natureza de víbora, de serpente e, consequentemente, dissimulada. Temos a tendência de trairmos ou negarmos uns aos outros porque em Simão Pedro (que possuía a mesma natureza) traímos o Mestre. Temos muita dificuldade de olhar o nosso próximo com amor e sinceridade. Empatia e simpatia. Enquanto Pedro estava sob os olhares dos escarnecedores e acusado por eles, não se sentiu culpado e negava conhecer o Mestre a cada abordagem. Ele estava se “aquecendo” na roda dos escarnecedores de Jesus e de Seu povo. Nenhum deles tinha um olhar tão sublime, penetrante e confrontador como o de Jesus. O Senhor olhou a menina dos olhos de Pedro e o fez ver o quanto ele era falso e arrogante.

Mas o olhar de Jesus enseja quebrantamento, choro e arrependimento. Diz o texto que Jesus “fixou os olhos em Pedro, e este se lembrou da palavra do Senhor, como lhe dissera: Hoje, três vezes me negarás, antes de cantar o galo” (Lc 22.61). O olhar de Jesus penetrou nas profundezas da sua alma e ele chorou amargamente (Lc 22.62). O pecado é amargo e traz amargura. Corrói. Insubordina o homem. Traz insensibilidade ao seu coração. Cauteriza a sua mente. Mas quando Jesus, na Sua perfeita justiça, olha o homem, este teme e treme. Ocorre uma mudança radical em sua vida. Pedro nunca mais foi o mesmo. Ele foi tornado o apóstolo Pedro, cheio do Espírito Santo. O seu amor por Jesus foi às últimas consequências. Ele agora amava mais a Cristo do que a sua própria vida. Sua vida em Atos e nas suas cartas é digna de ser lida. Ao lê-la descansamos na obra perfeita do Cristo perfeito na cruz. Vida em Cristo. Vida para Cristo. Um homem que era legalista foi tornado gracioso em toda a sua expressão profética e na sua missão pastoral ou apascentadora.

Um homem quebrantado e moído pelo olhar de Jesus tem sido um exemplo positivo para nós. Não mais preocupado com o seu bem-estar, mas desejoso de fazer a vontade do seu Senhor. Devemos nos deixar olhar pelo Salvador. A Sua Palavra revelada é também a Sua sondagem. O Seu olhar deve penetrar o mais profundo do nosso ser e desencadear em nós um processo de semelhança com Ele. O maior privilégio do cristão é ser parecido com o Mestre. Aprendemos com Pedro a capacidade de recomeçar. A bênção de chorar nossas mazelas. Chorar a “perda da nossa inocência”. Voltar para a estrada do Mestre e caminhar com Ele em fé, servindo às pessoas com o Seu amor. Buscar as coisas do alto onde Ele está assentado à direita de Deus cheio de amor e intercedendo por nós. A experiência de Pedro com Jesus é um bálsamo para as nossas chagas. É a demolição da nossa estrutura auto-suficiente e arrogante. É a edificação de uma nova vida, jogando por terra a nossa liturgia fria, sem nenhuma expressão de amor. Mas o amor de Jesus “tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta” (1Co 13.4-8). Então, ocorre a morte de uma religiosidade fria, hipócrita e insensível e, pela obra suficiente de Cristo na cruz, a ressurreição para uma nova vida de amor e perdão. De carinho e afeto. Recolhimento e acolhimento. Se pelo olhar do Mestre, Simão Pedro nunca mais foi o mesmo, o que está acontecendo conosco?

OSWALDO LUIZ GOMES JACOB

Pastor, colaborador de OJB


EXTRAÍDO DE: www.ojornalbatista.com.br

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