segunda-feira, 13 de abril de 2009

Igreja primitiva: eletricidade e expectativa



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Escrito por JOEL R. C. JÚNIOR
02-Apr-2009

Moisés, ao conduzir seu povo como um pastor deserto afora, pediu a Deus: “Mostra-me o teu caminho por este deserto”. Já há anos que creio que esta é a oração que todo pastor deve fazer e refazer a Deus: Qual o teu caminho para a igreja que pastoreio?

Antes de fazer planos ou agenda é necessário ouvir a resposta, da parte de Deus, para esta pergunta.

Cada pastor e líder pode dar a direção que desejar a um grupo ou igreja. Entretanto, somente a direção de Deus vem acompanhada da bênção dele, que enriquece e não acrescenta dores. Por isto igrejas passam anos sem crescer e atividades de departamentos são apenas eventos episódicos, sem conseqüências eternas e abençoadoras.

Acredito que, muito mais que ações e atividades, Deus deseja o ambiente certo nas igrejas. Pense numa família ou num lar. Melhor do que saber o que vai se fazer a cada mês, importa saber qual será o clima deste lar: se de amor e aceitação ou se de intolerância e frieza.

O caminho de Deus para a igreja, creio, é aquele por meio do qual o ambiente certo será formado. Um ambiente de eletricidade e de expectativa.

Alguém tem dúvidas de que o que Deus deseja é salvar e discipular vidas? Basta ele encontrar uma igreja nas condições propícias e vidas serão enviadas a esta comunidade para serem evangelizadas, integradas, discipuladas, treinadas e comissionadas!

Porém, isto há de acontecer no ambiente e clima próprios. Tal ambiente será gerado por unidade e flexibilidade. Será um clima impregnado de eletricidade e expectativa. É num ambiente assim em que se desenvolvem discípulos de Jesus!

Acredito de todo o coração que a igreja precisa voltar ao Novo Testamento (não ao tempo do NT, mas aos princípios) para gerar o que Deus quer.

Dois destes princípios aos quais retornar são: pequenos grupos e adaptabilidade. A Igreja Primitiva existia em grupos de comunhão e discipulado e era flexível, se adaptava conforme Deus ia lhe dando crescimento (Atos 2.42-47 e 6.1-7). Conseqentemente, havia um ambiente de eletricidade e expectativa na igreja.

A eletricidade era tanta que os levava a passarem muito tempo juntos, servindo-se mutuamente e ministrando às necessidades uns dos outros. Havia um tom de euforia e entusiasmo nas reuniões da igreja, fossem nas casas ou fossem no átrio do templo em Jerusalém.

Fui pregar numa igreja que tem pequenos grupos. Eu esperava encontrar este ambiente de eletricidade (sei reconhecê-lo porque já o experimentei outras vezes), porém não o encontrei. Confesso que fiquei frustrado. Às vezes opta-se pela aparência ao invés da realidade.

Pequenos grupos, dentro da vontade do Senhor, geram comunhão ardente. Esta comunhão cria um clima de eletricidade na igreja. Não basta apenas ter os grupos de comunhão, é necessário tê-los da maneira correta, com os princípios bíblicos como diretrizes.

Agora, falando sobre flexibilidade...

Hoje, as estruturas e o jeito de se fazer as coisas estão muito engessados. Num artigo que li recentemente intitulado “Teologia da Mudança” o autor apresenta uma tese com a qual concordo, que é a de que Deus abençoa as mudanças que seu povo realiza, mas desde que estejam dentro dos parâmetros da Palavra dele.

Conquanto Deus seja imutável, nós não somos! E, mesmo ele o sendo, ainda realiza coisas novas! Quanto a nós, gostamos das coisas velhas. Elas nos fazem sentir seguros. Morremos de medo de sair da nossa zona de conforto, mas é fora desta área de conforto que maiores bênçãos nos aguardam!

Lembro da célebre afirmação de Albert Einstein: “loucura é fazer as coisas sempre da mesma maneira e esperar resultados diferentes.” Há tanto desta loucura no meio das igrejas! Fazemos tudo sempre do mesmo jeito e nos mesmos horários e ainda desejamos resultados diferentes!

Está mais do que na hora de se propalar que Deus abençoa a mudança que vem para obedecê-lo e para salvar, integrar, discipular e comissionar vidas! Deus abençoa tanto a fidelidade ao que é absoluto como a quebra de paradigmas do que é apenas relativo.

Flexibilidade gera um ambiente de expectativa, pois nunca se sabe o que Deus fará a seguir. Estou certo de que Deus deseja que nossos cultos e reuniões sejam do tipo que nos façam perguntar: “O que Deus fará hoje?” ou “Que surpresas o Senhor nos trará hoje?”

Temos de convir que as reuniões das igrejas não inspiram tal expectativa! Poucas coisas são tão previsíveis como nossas reuniões cristãs evangélicas tradicionais. Alguém me disse uma vez que mesmo ausente do culto sabia o que estava acontecendo a cada minuto. Não soube na época se recebia isto como elogio ou como crítica.

Uma ação prática no sentido de interromper a mesmice é orar arrojadamente. Uma igreja que ora assim jamais cairá na mesmice. A igreja que tem pastor, líderes e povo que ora infiltra-se numa dimensão onde tudo é possível e quase nada previsível.

Bem, Deus tem um caminho para cada igreja dele. A questão é se iremos pelo caminho dele, cheio de eletricidade e surpresas, ou pelo nosso, já bem mapeado e entediante.

JOEL R. C. JÚNIOR

Pastor e especialista em liderança e administração cristã


EXTRAÍDO DE: www.ojornalbatista.com.br

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