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Escrito por CARLOS CESAR PEFF NOVAES | |
02-Mar-2009 | |
A violência humana é aprendida e desenvolvida, crescendo numa espiral de graduações cada vez mais acentuadas, caso não seja devidamente cerceada e punida. Os primeiros traços do homo violens já podem ser identificados nas primeiras e, aparentemente, mais ingênuas manifestações de agressão e humilhação. Como nos trotes escolares, por exemplo. O caso do aluno de veterinária, maltratado pelos veteranos numa faculdade do interior paulista, retrata o modo pelo qual a violência tolerada – sob a camuflagem de uma despretensiosa brincadeira entre colegas – pode resultar nas mesmas e trágicas consequências que a violência combatida, a dos criminosos e psicopatas, promove e produz, horrorizando a sociedade e chocando os cidadãos. Obrigaram o calouro a embebedar-se e, depois, submeteram-no a uma série de maus-tratos: foi arrastado pelas ruas, coberto de lama, chutado e chicoteado. Os colegas, sem conseguir reanimá-lo, resolveram cair fora e o deixaram amarrado num poste. Socorrido pelo pai de outro estudante, o rapaz chegou ao hospital em coma alcoólico. A universidade está investigando os autores dessa barbaridade. O trânsito é outro ambiente em que a violência das pessoas se manifesta claramente. Vários estudos feitos a respeito sugerem que motoristas podem transformar seus automóveis em armas e utilizá-los como instrumentos de disputa e ameaça. O americano Tom Vanderbilt lançou um livro no qual defende a tese de que o tráfego é um microcosmo da sociedade. Afirma que as ruas e a estrada, diferentemente de outros lugares, em geral misturam pessoas de todas as idades, classes, raças e religiões. Por isso, prossegue, podemos flagrar nelas disputas implícitas de poder e demonstrações ofensivas de egoísmo e de outros tantos fenômenos psicológicos. Se não forem coibidas, desde suas manifestações aparentemente inofensivas, as ações violentas acabam por enraizar-se, fortalecer-se e impor-se como se fosse algo natural. Vamos combinar que nenhum tipo de violência é natural. Seja a da criança indócil batendo na cabeça de outra com uma mamadeira – cena que os pais assistem e chegam a achar engraçadinha –, seja a do bombardeio sobre cidades durante uma guerra. Tudo é violência. E qualquer violência é antinatural. A integridade do outro deve ser sempre respeitada. Ainda que o outro seja um estranho. Ou que o próximo viva distante. E o semelhante tenha hábitos diferentes. Porque o desrespeito – doméstico, social, político, moral, particular ou estatal – à integridade física e emocional das pessoas é o princípio de todas as violências.
CARLOS CESAR PEFF NOVAES Pastor da IB de Barão da Taquara, Rio de Janeiro (RJ) http://carlosnovaes.blogspot.com EXTRAÍDO DE: www.ojornalbatista.com.br |
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