quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Testemunho, a voz da fé



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Escrito por SYLVIO MACRI
12-Feb-2009

A vida cristã baseia-se em três pilares: a instrução, a oração e o testemunho. O crente precisa alimentar-se diariamente da Palavra de Deus, para ouvi-la e ser instruído por ela. Precisa também conversar com Deus várias vezes por dia, para reconhecer seu senhorio e falar-lhe das necessidades do momento. E precisa, igualmente, dar testemunho da graça de Deus em sua vida: perante todos os homens e perante a igreja. No primeiro caso, Deus fala com o crente; no segundo caso, o crente fala com Deus; e no terceiro caso, o crente fala com o seu semelhante (e Deus fala indiretamente com este último, através do crente).

E em todos os três casos, se procedermos da maneira correta, Deus estará sendo glorificado e louvado. Diante da Palavra, louvamos; em meio à oração, louvamos; e usamos o testemunho para louvar (elogiar) a Deus. Portanto, o nosso testemunho fala aos outros – a todos os que nos rodeiam e mesmo aos que estão distantes – e é a nossa maneira de comunicar-lhes a graça de Deus. E como toda comunicação, pode ter problemas, aquilo que os especialistas chamam de “ruído”, algo que impede que a pessoa que fala e a que ouve se entendam corretamente. Por exemplo, um barulho estranho no aparelho telefônico atrapalha a conversação, provoca erros de entendimento e até irritação.

Eventualmente pensamos estar mostrando aos outros como Deus nos transformou, e eles estão recebendo uma mensagem totalmente inversa, do tipo “para mim, esse aí não mudou nada”. O testemunho se dá através de palavras e atos e às vezes nossas palavras não combinam com nossos atos, e então a comunicação fica truncada. Há ocasiões em que pensamos estar “falando” no tom certo, mas a outra pessoa não está “ouvindo”, isto é, o nosso testemunho não está alcançando o seu coração, porque não está sendo exercido com amor e paixão.

Testemunhar é vital para a vida cristã. Na verdade é a maneira pela qual somos reconhecidos ou não como verdadeiros filhos de Deus, pois Jesus disse: “Pelos seus frutos os conhecereis” (Mt 7.20). Além disso, não se trata de uma opção, isto é, o cristão não pode escolher entre ser testemunha e não ser, não pode deixar para ser testemunha apenas quando tiver tempo e oportunidade ou dizer que não tem “o dom de testemunhar”. A palavra de Jesus em Atos 1.8 é muito clara, é um imperativo: “Sereis minhas testemunhas”. Não existe alternativa, é ser ou ser. Ou, melhor dizendo, a única alternativa a esta ordem é desobedecê-la. E como tem sido desobedecida! Infelizmente.

A palavra que foi traduzida do grego (língua original do NT) para significar testemunha é “martir”. Esta palavra tornou-se tão importante na vida dos primeiros cristãos, que veio a ter um sentido especial: ser testemunha passou a ter o sentido de ser capaz de suportar as maiores provações por não negar o nome de Cristo, tais como ser preso, perder os bens, perder o direito de cidadania, ser separado da família, ser deserdado e até ser morto. Por isto hoje temos na nossa língua a palavra mártir, para designar alguém que é perseguido por abraçar uma determinada causa. Por exemplo, Tiradentes é chamado “o mártir da independência do Brasil”.

Entretanto, parece que os cristãos de hoje não estamos levando tão a sério essa missão de testemunhar. Falta-nos a urgência e a premência de cumprir a vontade daquele que nos amou e deu a sua vida por nós. Falta-nos a consciência de que aquele que deu a ordem é simplesmente o Rei dos reis e Senhor dos senhores; que há um risco muito grande em sermos indiferentes ou rebeldes nessa questão. Ainda mais que não se trata de uma ordem injusta ou estúpida.

Testemunhar é falar da nossa experiência pessoal; é, portanto, ser um exemplo vivo do poder transformador do evangelho, a única linguagem que os não crentes realmente entendem. E, além disso, Jesus não nos deu a ordem sem nos capacitar. Pelo contrário, ele nos energizou com o maior poder operante no mundo: o do Espírito Santo (At 1.8). Também nessa questão ele “não nos deixou órfãos”. Portanto, deixemo-nos tomar e ser usados pelo Espírito de Cristo, para testemunhar de sua graça e amor.

SYLVIO MACRI

Pastor da IB Central de Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro (RJ)

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EXTRAÍDO DE: www.ojornalbatsita.com.br

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