terça-feira, 26 de agosto de 2008

O Cuidado Pastoral dos Missionários.






O Cuidado Pastoral dos Missionários

Por: Antonia Leonora van der Meer

1. A Contribuição da Igreja/ Agência/ Mantenedores/ Família/ Amigos

1.1. O Papel da Igreja na fase de preparação do candidato

A Igreja pode ter um papel importante no despertamento de uma visão e compromisso missionário

dos seus membros, fazendo com que missão esteja sempre presente no currículo de atividades da

igreja, através de lições da escola dominical, de visitas de missionários, de correspondência regular

e apoio a alguma(s) família(s) missionária(s), e de grupos de intercessão. Será que nós podemos

ser instrumentais em organizar um conselho missionário em nossa igreja? A Igreja pode encorajar

projetos missionários de curta duração, para líderes e membros, e isto pode despertar vocações, e

abrir olhos e mentes para a tarefa missionária, Tornando estas pessoas mais comprometidas em

apoiar e sustentar os missionários. Mas não se deve estimular o “turismo missionário”.

A Igreja pode também ajudar os candidatos para a obra missionária, dando oportunidade para se

envolverem na obra da igreja, orientando quanto a leituras proveitosas, e encaminhando para um

bom treinamento, mantendo sempre um relacionamento pessoal, e um cuidado pastoral ativo.

1.2. No apoio ao missionário que está no campo transcultural

Visitas de líderes com dons de aconselhamento pastoral são necessárias e apreciadas. Além de

conviver com o missionário (e sua família) em seu contexto, oferece oportunidade para compartilhar

suas lutas, dores, frustrações e alegrias, e de orar com eles; tais visitantes podem despertar uma

intercessão mais comprometida por parte da igreja, e comunicar à igreja as necessidades dos

missionários, e do grupo com que trabalham, na área de saúde, das finanças, da vida espiritual, etc.

A igreja também pode mandar seus boletins, algumas fitas gravadas de programas especiais,

cartões e cartas, para manter os missionários em dia, e bem ligados. Classes de crianças ou

adolescentes, da escola dominical, podem adotar filhos de missionários e escrever para eles. Outra

possibilidade é mandar uma vez ou outra um pacote com algumas coisas pouco perecíveis da terra

natal (para aniversário/natal). Um telefonema de vez em quando é uma grande bênção.

1.3. Nas Férias

O missionário que vem do campo, vem com o coração cheio das dores, necessidades e alegrias do

seu trabalho, e precisa de oportunidades para conversas pessoais com pastores, para falar de sua

vida, seu trabalho, suas lutas, além de receber oportunidade para compartilhar com a igreja sobre o

seu trabalho. É importante encontrar pastores e líderes com o coração aberto para o missionário.

Uma igreja madura deve ajudar com aconselhamento pastoral, encorajar e ajudar o missionário a ter

o descanso necessário, ajudá-lo na programação de atividades de divulgação, mas sem que ele se

sobrecarregue e volte mais esgotado ao campo. É bom oferecer ajuda ao missionário na hora de

fazer compras, resolver questões bancárias, de documentos, de saúde, etc. porque ele pode estar

desatualizado quanto aos métodos usados em seu país e ficar muito desorientado.

1.4. Na Aposentadoria / na volta do campo

É uma experiência transcultural traumática, em que os missionários realmente necessitam de

cuidados pastorais, além de ajuda prática para sua reentrada na vida ativa na igreja e na sociedade:

Onde vão viver? Onde os filhos vão estudar? Que possibilidades de emprego existem? De que

maneira a igreja pode e deve continuar o apoio financeiro? Qual será seu papel na igreja?

2. A necessidade de apoio pastoral

Principalmente durante os primeiros anos de experiência no campo o missionário precisa de

aconselhamento pastoral. Visitas pastorais servem para ouvir os missionários, suas dificuldades nos

relacionamentos, na adaptação ao campo, etc. O conselheiro pode ajudar os missionários a encarar

a situação de uma maneira diferente, orientá-los e encorajá-los a superar os problemas de

relacionamentos, orando com eles. Uma das dificuldades é que os missionários tendem a esconder

seus problemas dos colegas, igrejas, e agências porque se sentem obrigados a ser um sucesso.

Documento de Encontro de Restauração e Atualização para Missionários

1. Fase de Preparação/Transferência de Campo

É necessário oferecer ao missionário um preparo preventivo, nas Escolas de Treinamento, não só

teológico e acadêmico, mas também emocional e psicológico. Também é importante que as

Agências peçam que faça um perfil psicológico, para lhe oferecer a ajuda necessária antes de ir

ao campo, onde as pressões são muito grandes e os problemas costumam vir à tona. É

importante que os líderes do campo, das igrejas e das agências recebam uma preparação para

entender melhor como se relacionar com os missionários.

2. Fase de Vida no Campo

É necessário um acompanhamento pastoral enquanto o missionário está no campo, com amor e

respeito, para que ele possa superar as dificuldades internas e externas que surgem.

É muito importante que o missionário receba visitas pastorais, por pessoas que vem com esse

objetivo, e não simplesmente para conhecer o campo, nem apenas para pensar em estratégias e

administração. É muito importante a provisão de escolas para os filhos de missionários. Um dos

problemas quando há casais e solteiras, é que essas ficam subjugadas ao parecer dos casais, em

vez de se desenvolver um trabalho em equipe, em que todos possam dar o seu parecer, e sejam

respeitados como companheiros de ministério.

3. Fase da Volta do Campo

O missionário deve ser recebido com amor. Geralmente chega cansado do campo, e com muitas dores a ser

tratadas. Não precisa de um acolhimento de herói, mas de um ser humano querido.Que a liderança da

igreja e da missão dê assistência pastoral ao missionário, ouvindo-o, sabendo como está como pessoa, quais

são suas lutas e dores, onde precisa de ajuda.

Deve se separar um tempo para descanso e lazer para o missionário que volta. Deve-se

providenciar um local para descanso – uma casa/apartamento onde possa estar à vontade (muitos

missionários têm de ficar com a família – visitar a família é importante, mas não pode ser a única

opção durante um período de férias). Tanto casa, como mobília e utensílios devem ser

providenciados com antecedência (e sempre que possível um meio de transporte). O missionário

precisa de orientação em relação a uma assistência médica acessível e de boa qualidade.

O missionário quando volta do campo fica desorientado. Muitas coisas mudaram, e ele também

mudou, enquadrando-se num estilo de vida totalmente diferente. Por isso é importante o apoio no

processo de re-socialização – o missionário deve ser acolhido e receber ajuda prática (para fazer

compras, tratar de assuntos bancários). Isso pode suavizar o choque cultural reverso.

O missionário deve receber oportunidade para prestar relatórios diante da igreja e da liderança – no

tempo próprio (não no dia da sua chegada...).

Não se deve reduzir e muito menos suspender o salário do missionário quando volta do campo. Pelo

menos durante um período de transição deve continuar o sustento.

4. Alguns Testemunhos:

- “Proporcionou-me tempo comigo mesma e com Deus. Tirou-me do turbilhão de atividades, da

correria. Volto do Encontro com mais amizade com Deus”.

- “ Na comunhão entre os missionários pudemos chorar juntos, cantar e rir juntos e acima de tudo

consolar uns aos outros. Foi como se uma família tivesse marcado um encontro. ”

- “Significou um tempo para repensar o sofrimento, a dor, a ferida, para descobrir que elas são

sintomas que estamos vivos e são necessários para valorizarmos mais a graça divina, o amor e

descanso de Deus. Significou um tempo para aliviar as cargas emocionais”.

- “O Encontro para mim foi a restauração com o meu amigo de sempre Cristo Jesus. Tive o encontro

face a face com Deus. A minha vida nunca mais será a mesma.”

- “Foi muito bom encontrar pessoas normais como eu, que tem as mesmas aflições e desafios.

Senti-me em casa”

- “Significou a resposta de 12 anos de oração. Fui impactada por dentro e por fora, pela Palavra,

ouvindo Jesus e na comunhão com os outros. Conhecer os problemas dos outros me levou a ver

meus problemas como menores.”

- “O Encontro é aproximar-se de homens e mulheres que são humanos e estão reconhecendo que

precisam parar para respirar, ouvir e silenciar a alma. Foi um momento de olhar para mim e minhas

fragilidades através dos olhos da Graça de Deus.”

5. Tipos de situações/ dores que aparecem:

- Missionários abandonados no campo pela sua igreja, voltaram humilhados, com sentimento de

derrota, frustração. É pior ainda quando descobrem que os mantenedores foram fiéis mas que o

pastor desviou o dinheiro para outro propósito.

- Missionários que assumiram grandes responsabilidades, além de suas forças e conviveram com

problemas que não souberam superar, como: problemas de relações sexuais entre os jovens da

equipe missionária...

- Missionários que voltam e não conseguem lidar com as cobranças e expectativas da igreja,

sentem-se derrotados.

- Missionários que enfrentaram situações de violência no campo e voltaram abatidos e sem coragem

para falar dos seus sentimentos.

- Missionários que enfrentaram problemas graves de relacionamento dentro da família ou da equipe

missionária e voltam muito desanimados, precisando de cura.


EXTRAÍDO DE: www.ultimato.com.br


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