sexta-feira, 1 de maio de 2009

Agindo dentro dos limites



PDF Imprimir E-mail
Escrito por EDVAR GIMENES DE OLIVEIRA
23-Apr-2009

Um detalhe curioso, porém importante, passa despercebido na leitura que fazemos da narrativa bíblica sobre José do Egito. Trata-se da palavra que ele diz à mulher de Potifar e da que Faraó diz a ele, por ocasião de sua posse no governo egípcio. Ei-las:

“Ninguém desta casa está acima de mim. Ele nada me negou, a não ser a senhora, porque é a mulher dele“ (José à esposa de Potifar em Gênesis 39.9).

“Você terá o comando de meu palácio, e todo o meu povo se sujeitará às suas ordens. Somente em relação ao trono serei maior que você” (Faraó a José em Gênesis 41.40).

Não acredito que Potifar, ao dar instruções e autoridade a José, precisou dizer que sua mulher não fazia parte do pacote. Prefiro crer que José não cedeu ao assédio da mulher por ser pessoa íntegra, por ter consciência dos seus limites e ser disciplinado o suficiente para não ir além do que deveria.

Certamente José não tinha consciência, mas tal postura retratava uma qualidade essencial em líderes: reconhecer os próprios limites e saber respeitá-los. Somente pessoas com espírito ditatorial acreditam que podem tudo. Daí a dificuldade em participar de grupos nos quais os poderes são distribuídos e limites estabelecidos.

Penso que não foi difícil para José entender o recado de Faraó quando disse: “Somente em relação ao trono serei maior que você”. Ele sabia o que era ter limites e agir dentro deles. Sendo igual a milhões de humanos, sabia que nem sempre teria a última palavra. Sabia que seu limite terminaria quando começasse o de Faraó, da mesma forma que demonstrou saber seus limites por ocasião do assédio sexual em relação aos de Potifar. Nesse quesito, portanto, estava preparado para liderar.

Não podemos tudo, nem somos responsáveis por tudo. Caso quem trabalha conosco não esteja cumprindo bem suas atribuições podemos ajudar se percebermos abertura para tal, mas jamais querer gerenciar aquilo que não é da nossa competência política, ainda que nos sintamos tecnicamente competentes para fazê-lo.

Quando não nos é explicitado o que nos cabe fazer, usar o juízo faz bem. Quando sabemos quais são nossas atribuições, agir prudentemente dentro dos limites delas é melhor ainda.


EDVAR GIMENES DE OLIVEIRA

Pastor da IB da Graça, em Salvador (BA)

http://www.blogdoedvar.blogspot.com/


EXTRAÍDO DE: www.ojornalbatista.com.br

0 comentários: