sexta-feira, 1 de maio de 2009

Repensando o calendário litúrgico, começando pela Semana Santa



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Escrito por JANDIRA C. N. LIMA
15-Apr-2009

A liberdade batista nos desobriga do uso de um calendário litúrgico. Entretanto, gostaria de iniciar uma reflexão sobre os benefícios que este traria para nossa comunidade de fé.

Ele nos auxilia a manter uma vida espiritual mais disciplinada e comprometida com o Reino de Deus, em vez de uma vida guiada apenas pelas emoções. Indica que devemos separar tempo devocional para a leitura da Bíblia, oração e quebrantamento pessoal, assim como o fez o povo de Deus no decorrer dos séculos de história da Igreja.

As leituras bíblicas dessa semana, que chamamos Santa, servem para nos orientar e ajudam a reviver os passos finais de Jesus Cristo na terra, capacitando-nos a proclamar com alegria sua Ressurreição. Os hinos referentes a essa temática também nos auxiliam, individual e coletivamente, a cantar com alegria: Aleluia, Cristo vive! Viva a nossa fé, podemos anunciar ao mundo o amor de Deus e a salvação por meio de Cristo.

A leitura atenta dos últimos acontecimentos da vida de Jesus, conforme narrados nos Evangelhos, ajuda-nos a compreender melhor a paixão e a ressurreição de Cristo. Auxilia-nos a recordar o sacrifício de Cristo. Esse rememorar também nos ajuda na correta participação da Ceia do Senhor, que comumente fazemos.

Agora, quando nos aproximamos da Semana Santa, eu me pergunto o porquê de os quatro evangelistas terem dedicado boa parte de seus escritos registrando os episódios da última semana de Jesus. Penso que eu também devo dedicar uma atenção especial a esses textos.

Comecemos pelo domingo, quando celebramos a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém no comumente chamado “Domingo de Ramos”.

Os quatro evangelistas registram que, por ocasião da Páscoa, uma grande multidão subia para Jerusalém. Jesus e seus discípulos também iam para as comemorações (Mateus 21.1-11, Marcos 11.1-11, Lucas 19.28-40 e João 12,12-19). Ao se aproximar de Jerusalém, junto ao Monte das Oliveiras, ele opta por entrar na cidade montado num jumentinho, assumindo assim sua missão messiânica conforme descrita pelo profeta Zacarias: “Alegre-se muito, povo de Sião! Moradores de Jerusalém cantem de alegria, pois o seu rei está chegando. Ele vem triunfante e vitorioso; mas é humilde, e está montado num jumentinho, filho de jumenta.” Zacarias 9.9.

Conhecedora da Escritura, ao vê-lo montar no jumentinho, a multidão se enche de entusiasmo e alguns estendem suas capas, outros espalham ramos pelo chão. Dentre a multidão estão muitas testemunhas oculares dos milagres realizados: cegos que haviam recuperado a visão, mudos que agora falavam, leprosos purificados, coxos que agora saltavam de alegria e Lázaro, que havia ressuscitado. Tanto os que iam à frente como os que vinham atrás começaram a gritar: “Hosana ao Filho de Davi! Que Deus abençoe aquele que vem em nome do Senhor! Hosana a Deus nas alturas do céu!” Mateus 21.9.

Os contemporâneos de Jesus esperavam um rei poderoso e guerreiro que os libertasse e trouxesse paz e prosperidade para o seu povo. Contrariando essas expectativas, Jesus opta por um messianismo anti-messiânico e se apresenta humilde, manso, pobre e servidor.

Obediente ao plano do pai, Jesus segue o caminho da cruz, caminho escolhido para realizar sua messianidade: libertação e redenção dos homens.

Descendo do monte Jesus avista Jerusalém. Pára deslumbrado pela sua beleza e chora pelo seu destino: “Ah! Jerusalém! Se hoje mesmo você soubesse o que é preciso para conseguir a paz! Mas agora você não pode ver isso. Pois chegarão os dias em que os inimigos vão cercá-la com rampas de ataque, e vão rodeá-la, e apertá-la de todos os lados. Eles destruirão completamente você e todos os seus moradores. Não ficará uma pedra em cima da outra, porque você não reconheceu o tempo em que Deus veio para salvá-la.” Lucas 19. 42-44 (NTLH).

A multidão, vendo-o chorar, se cala e assim prossegue. Quando Jesus entrou em Jerusalém toda a cidade ficou agitada e o povo perguntava: Quem é ele? E se pergunta: Quem é este?

A resposta nos vem dos pais e dos profetas: É a semente da mulher, que esmagará a cabeça da serpente. É o Leão da tribo de Judá, a Raiz de Davi. É o Maravilhoso Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz. É o Renovo de Justiça; ele executará juízo e justiça na terra. É o Deus dos Exércitos, Senhor é o seu nome. É o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo. É o Cristo, o Filho do Deus vivo.

E você? Qual é a sua resposta? O Deus dos céus responde: Este é o meu Filho amado, a ele ouvi. (Marcos 9.7).

Sugestão de leitura para a Semana Santa

Domingo de Ramos - Entrada triunfal em Jerusalém:
Salmo 21, Mateus 21.1-11, Marcos 11.1-11, Lucas 19.28-40, João 12.12-19 e Filipenses 2.6-11.

Segunda-feira Santa:
Isaías 42.1-7, Salmo 26, Mateus 21.12-22, Marcos 11.15-18, Lucas 19.45-48 e João 2.13-16.
Terça-Feira Santa:
Salmo 41, Mateus 26.24, Marcos 14.10-1, Lucas 22.1-6, João 13.1-33 e 36-38 e João 17.12.
Quarta-feira Santa:
Isaías 50.4-9, Isaías 51.17, Salmo 68, Mateus 26.36-46, Marcos 14.3-9 e 32-42, Lucas 22.39-46 e João 18.1-12.
Quinta-feira Santa da Ceia do Senhor:
Êxodo 12.1-8 e 11-14, Salmo 115, Mateus 26.17-30, Marcos 14.12-26, Lucas 22.7-23, João 13.1-15 e 1Coríntios 11.23-29.
Sexta-feira Santa da Paixão e Morte do Senhor:
Isaías 52.13, Isaías 53.1-12, Salmo 30, Hebreus 4.14-16, Hebreus 5.7-9, Mateus 27.27-61, Marcos 15.16-47, Lucas 23.33-56, João 18.40-19 e 42 e João 19.17-42.
Sábado Santo do Sepultamento do Senhor - Vigília Pascal:
Gênesis 1.1-2,2, Salmo 103, Gênesis 22.1-18, Isaías 55.1-11, Salmo 18, Salmo 41, Romanos 6.3-11, Salmos 117 e Mateus 27. 62-66.
Domingo de Páscoa da Ressurreição do Senhor:
Salmos 117, Mateus 28.1-10, Marcos 16.1-8, Lucas 24.1-12, João 20.1-9 e Colossenses 3.1-4.

JANDIRA C. N. LIMA
Mestre em Teologia Sistemático-pastoral pela PUC-Rio e membro da IB do Leme


EXTRAÍDO DE: www.ojornalbatista.com.br

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