sexta-feira, 1 de maio de 2009

Um sonho de Pastor!



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Escrito por WALMIR VIEIRA
15-Apr-2009

No ensaio anterior, cujo tema era “Um Sonho de Igreja” e que foi publicado na última edição de OJB, mencionei que por 25 anos fui pastor e por outros 25 fui ovelha. Boa parte desse tempo ovelha de meu querido pai - um bom pastor. Entretanto, também tive outros ilustres pastores. Tentei descrever naquele texto, como pastor, meu sonho de igreja (Sonho!). Nesta reflexão atrevo-me a tentar, resumidamente, traçar, como ovelha que fui e eventualmente sou, um perfil do que penso ser um pastor ideal. Ideal este que, reconheço, como pastor não alcancei nem acho que alcançarei plenamente. Nem nenhum pastor ou qualquer expoente bíblico (a não ser Jesus) alcançou. Mas, ainda assim, Deus pode misericordiosamente nos usa como usou os seus escolhidos no passado.

Como ovelha, estou ciente de que o padrão que traço é elevado demais para pessoas humanas como nós, com fragilidades e carências, ainda que dedicadas e cheias de boa vontade para bem servir.

Alguém que posso chamar de um pastor ideal, ou de “um sonho de pastor”, não existe na realidade. Nossa condição humana não nos permite. Porém, há muitos e muitos que estão bem próximos. Apresento aqui como que um modelo ou um alvo a ser buscado.

Para mim, alguém que posso chamar de “um sonho de pastor”:

Tem em seu coração uma inabalável convicção de chamada divina para o ministério e o prioriza, ainda que tenha que exercer uma outra atividade secular que lhe tome maior tempo. É um apaixonado pelo pastoreio e tem sábia segurança doutrinária (sem fundamentalismos nem liberalismos).

Gasta tempo com o preparo de seus sermões e outros estudos, o que percebemos em função da profundidade e riqueza com que aborda os temas e textos no púlpito. Está sempre comprando, lendo e indicando livros edificantes. Mantém-se permanentemente atualizado e em sintonia com as grandes questões que preocupam seus contemporâneos para ter respostas fundamentadas na Bíblia para elas. Ainda que, eventualmente, copie textos para as “pastorais” dos boletins dominicais, quando úteis, prefere, ele mesmo, escrevê-las. É notável sua crescente preocupação com o uso correto da Língua Portuguesa e de um vocabulário cada vez mais variado, reflexo de quem gosta de ler.

Busca, com bom senso, ser criativo na apresentação de seus sermões, no ensino, na organização dos cultos e no planejamento geral de igreja. Está sempre buscando coisas novas, construtivas e que mantenham a motivação elevada da igreja, fugindo do lugar-comum. Sabe implantar mudanças necessárias com paciência e prudência. Percebe as carências e deficiências da igreja em alguma área e logo promove cursos, conferências ou seminários para tentar supri-las.

Esforça-se por manter-se sempre bem disposto e entusiasmado. É zeloso no asseio corporal, inclusive bucal. Cultiva uma aparência saudável (evita, quando possível, a obesidade). Traja-se com bom gosto, discreta elegância e de conformidade com o contexto social e cultural de sua congregação.

Inspira-nos a uma vida de consagração e compromisso cristãos, não somente por suas palavras, mas, principalmente, pelo seu exemplo pessoal de retidão moral, piedade, pontualidade, responsabilidade, fidelidade, altruísmo e generosidade.

Cuida notadamente bem de sua família e da organização, proteção, finanças e sustento de sua casa, seu principal lugar de testemunho cristão e espaço de aconchego. Tem um ótimo relacionamento de amor com sua esposa e filhos, que o respeitam como pastor, pai e esposo e, sempre que possível, o ajudam no exercício de seu ministério. Seus vizinhos o tem, também, em respeito.

Gosta de ver o templo e as demais dependências de sua igreja sempre limpos e bem cuidados, com mobiliários confortáveis e funcionais e com equipamentos modernos e bem utilizados. Está sempre atento para que setores e serviços como secretaria, tesouraria, recepção, berçário, sala das crianças, sanitários, estacionamento, entre outros, funcionem bem e prestem o melhor atendimento possível. Além de causarem boa impressão aos que visitam a igreja.

Demonstra sincero amor e interesse pelo nosso bem, felicidade e crescimento cristão, independentemente de idade, raça, condição social ou intelectual que tenhamos. Trata-nos a todos imparcial e igualmente e busca estar junto de nós, apoiando-nos, aconselhando-nos e orando por nós e conosco nos momentos especiais de nossas vidas, como nascimento ou morte de um querido, aniversário, enfermidade, casamento, formaturas e outras celebrações de vitórias e vivências de agudas crises.

Possui um entusiasmado espírito missionário e evangelístico e de cooperação denominacional. Leva-nos a participar ativamente das campanhas missionárias e implementa, junto com a igreja, programas e estratégias variadas e criativas que tenham o objetivo de despertar o interesse dos não-crentes no entorno da igreja a conhecerem a Jesus Cristo como Salvador e Senhor e de nós, membros da igreja, para nos tornarmos melhores ganhadores de vidas para o Reino de Deus e capacitados e dedicados discipuladores. Tem uma visão de um Evangelho integral, isto é, toda salvação para o homem todo, em todo lugar a todo homem.

Ama, profunda e comprometidamente, a Jesus Cristo com todo o seu ser. Jesus é seu modelo e motivação de vida e ministério. Ainda que mostre-se humano e limitado, frágil e vulnerável, busca em Deus poder e graça para continuar firme no Senhor. Notamos sua intimidade com Deus e dedicação de um tempo de sua vida para oração e comunhão com ele. Nós, suas ovelhas, sentimos isso em seu viver e somos inspiradas e despertadas. Empenha-se em viver e nos ajudar a viver as qualidades do Mestre: paciência, humildade, mansidão, misericórdia, integridade, fé e dependência do Pai.

Reconheço que o perfil que tracei de “um sonho de pastor” é de difícil alcance. Porém, é um ideal. Conheço pastores que estão bem próximos desse ideal. Gente de Deus, realizando ministérios extraordinários, amados e apoiados pelas igrejas que pastoreiam. Sei de outros (bem poucos) que estão longe, desorientados. Sofrem e fazem a igreja sofrer. Ao invés de serem um sonho, tornam-se um pesadelo. Conheço também igrejas que têm líderes que impedem o pastor de se realizarem e se tornarem “um sonho”. Num próximo artigo refletirei sobre quando um pastor e uma igreja tornam-se um pesadelo um para o outro.

Mas, felizmente, a grande maioria está sinceramente buscando caminhar na direção de ser um pastor ideal, ou o mais próximo disso, lutando contra suas limitações e imperfeições e rogando a Deus que os aperfeiçoe a cada dia para que sejam pastores segundo o seu coração e a resposta do sonho de boas, verdadeiras e bem intencionadas ovelhas.

WALMIR VIEIRA

Pastor e ovelha

clicwv@hotmail.com


EXTRAÍDO DE: www.ojornalbatista.com.br

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